terça-feira, 22 de março de 2011

Despertar de um mundo novo

Um conto por Gunar Seidler Bastos


'Que fique claro, eu só estou escrevendo isso porque ela acha que pode me ajudar a seguir em frente.' 


Maethor se inclina um pouco desconfortável sobre o caderno sujo que virou diário, a luz trêmula do fogo era o mais próximo de iluminação que se conseguia, Ele não sabia quanto o lápis iria durar e quando iria achar outro. Os luxos da antiga era eram escassos e raros.


 'Com o passar do tempo guerreiros acabam perdendo a fé que palavras possam mudar alguma coisa. Eu perdi, tentar falar com essas coisas nunca levou a nada, apesar de Pélias afirmar o contrário. Não sei em que viagem maluca ele já se meteu, mas eu simplesmente não consigo imaginar que seja possível uma solução pacífica a essa altura.'


'A alguns anos atras um inimigo começou a conspirar contra as divindades, inicialmente fez algumas pequenas coisas, mas que acabou levando a todos os servos das divindades gregas a olharem pro lado errado. Quando descobrimos o que estava acontecendo era tarde demais. Hades, Athena, Poseidon, Apollo, Artemis e até mesmo os deuses do Norte, Oeste e mediterrâneo se lançaram em batalha direta contra o novo inimigo, e perderam... na verdade não... eles foram vitoriosos! Se não fosse o sacrifício deles nunca teríamos sidos capazes de escapar a ira inicial, e organizar o grupo que vem se desenvolvendo a cada dia.'


Ele ouve repentinamente um barulho, a mão vai direto a bainha e saca a espada fazendo o barulho característico que acorda algumas das pessoas, deixando-as assustadas. Maethor abaixa a cabeça pensativo, coloca a espada sobre a pedra promovida a mesa, e continua a escrever.


'Mesmo assim, eu tenho me desgastado. Em cada cidade que passamos tudo o que vemos são sombras de humanos. Todos os que não controlavam o poder do cosmos passaram a confiar mais nas suas impressões do que no lógico, do que no evidente. Conseguimos resgatar alguns e mante-los a salvo, mas por enquanto estamos mais para captores do que heróis. Alguns tentam fugir a noite, e os que eventualmente conseguem inevitalmente são mortos, ou tornam-se marionetes das criaturas. Fomos forçados a viver em esconderijos, cavernas, prédios abandonados, locais onde não se possa ouvir os sobreviventes e onde possamos vigiar a entrada caso algum deles passe desapercebido.'


'Contudo essa vida esta se tornando complicada. Fica difícil mover pessoas de um lugar ao outro as escondendo e ainda assim fazer avanços para reconquistar o que nos foi tomado. Talvez seja a hora de buscarmos um lugar que possamos chamar de nosso. Um local onde possamos ensinar a verdadeira fé aos sobreviventes, onde eles possam treinar e defender a humanidade contra esses seres imundos que ousaram invadir nosso lar.'


'Mas isso é discussão para o dia, a noite caiu e em breve a troca de turno acontece de novo. Maldição, outra noite em claro.'


O servo de Eru gentilmente fecha o caderno e guarda em uma das partes internas da armadura. Maethor, empunhando sua espada e uma tocha que iluminava o local, segue em direção ao local de guarda.


"Vá dormir um pouco Anjo, eu assumo daqui" — Disse ele tocando o ombro de Don, que assentiu e se retirou para a caverna, com a tocha que Maethor trazia. Ao fundo alguns olhos brilharam de forma peculiar.


'Querido diário. Vai ser uma noite longa'

1 comentários:

Kinn disse...

Com o perdão do trocadilho, este foi um belo Princípio XD

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